Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

Unidades de Conservação 

Ilha Grande é o nome de uma ilha localizada no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, integrante do município de Angra dos Reis.

Coordenadas: 23° 8' 26" S, 44° 14' 50" W

A Ilha Grande é a maior ilha do estado do Rio de Janeiro e a quinta maior ilha marítima do Brasil. Possui uma área de 193 km², com relevo acidentado e montanhoso, cujas maiores elevações são o Pico da Pedra D'Água (1.031 metros) e o Pico do Papagaio (982 metros), sendo este o mais famoso, devido a sua forma pitoresca. As costas da ilha são recortadas por inúmeras penínsulas e enseadas (sacos), formando várias praias. A vegetação é exuberante, formada por mata atlântica, mangue e restinga.

O principal vilarejo é a Vila do Abraão, com aproximadamente 3.000 habitantes, onde se concentra a maior parte da infraestrutura da ilha, como posto de saúde, escola primária, posto dos correios e destacamentos do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Um serviço de barcas liga diariamente a Vila do Abraão com Angra dos Reis e Mangaratiba, no continente. A vila conta, também, com ampla oferta de pousadas, campings, bares, restaurantes e comércio para turistas. Há algumas outras pequenas comunidades espalhadas pela ilha, também dotadas de infraestrutura turística, como a Praia Vermelha, a Enseada do Bananal e a Praia do Japariz.

As atividades econômicas giram em torno da pesca e, principalmente, do turismo. A ilha oferece, atualmente, muitas alternativas turísticas: passeios de barco, praias com águas calmas para mergulho em família, praias destinadas à prática de esportes como o surfe, trilhas ecológicas por dentro da mata ao centro da ilha, mountain-bike, além de algumas atrações históricas.


Unidades de Conservação

Há na Ilha 4 unidades de conservação ambiental:

  • Área de Proteção Ambiental de Tamoios
  • Parque Estadual da Ilha Grande
  • Parque Estadual Marinho do Aventureiro
  • Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul (cujo acesso é somente permitido a pesquisadores e pessoas autorizadas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

Todas essas áreas visam a garantir a proteção da flora e fauna da grande reserva de mata atlântica existentes na ilha e da vida marinha em seu entorno.

História Breve da Ilha Grande

indios jean baptiste debretInicialmente habitada pelos índios Tamoio, que já a chamavam de Ippaun Wasu ("Ilha Grande"), foi avistada pelo navega­dor português Gonçalo Coelho em 6 de janeiro de 1502, dia de Reis - daí o nome da ilha. Ao longo do século XVI, houve diversos combates na região. Nesses combates, os portugueses, aliados aos Tupiniquin, enfrentaram os franceses, aliados aos tamoios. Em 1559, a coroa portuguesa resolveu nomear Dom Vicente da Fonseca para administrá-la, o que só ocorreu, de fato, com o fim da guerra com os Tamoio, em 1567.

A ilha foi atacada em 15 de dezembro de 1591 pelo corsário inglês Thomas Cavendish, que saqueou os viveres e pertences da população local e ateou fogo em suas residências, rumando em seguida para Ilhabela para organizar seu ataque à Vila de Santos.

A dificuldade em administrar a ilha e em impedir ataques de contrabandistas e corsários forçou a transferência de sua administração da capitania de São Paulo e Minas de Ouro para a capitania Real do Rio de Janeiro em 1726, a pedido do governador Luís Vaía Monteiro. Nesse período, a ilha começou a desenvolver as culturas de cana de açúcar e café, que se estenderiam até a última década do século XIX, intensificando sua colonização, quer com a fundação de fazendas, como também de pequenas vilas, onde os negros trazidos para trabalhar nas lavouras fizeram do lugar uma das principais rotas do tráfico de escravos até a abolição da escravatura.

No ano de 1803, a ilha passou à condição de freguesia, com o nome de Santana da Ilha Grande de Fora, ganhando autonomia jurídica em relação a Angra dos Reis. Em 1863, o imperador Dom Pedro II fez sua primeira visita à ilha Grande, onde comprou a Fazenda do Holandês, local onde seria instalado o Lazareto, instituição que servia de centro de triagem e de quarentena para os passageiros enfermos que chegavam ao Brasil e, posteriormente, um sanatório para doentes de hanseníase. De 1886 a 1903, atendeu a mais de 4.000 embarcações. Serviu de presídio político durante os primeiros anos da república, quando foi criada a colônia agrícola correcional de Dois Rios.

Nos anos 1930, logo após o início do governo de Getúlio Vargas, deu-se a Revolução Constitucionalista de 1932, quando, então, todos os confinados do Lazareto foram transferidos para a colônia de Dois Rios, que passou a ser, em 1940, um presídio com capacidade para aproximadamente mil detentos, sendo, posteriormente, denominado instituto penal Cândi­do Mendes. Esse presídio se tornaria célebre quando da publicação de Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, que para lá foi encaminhado, como preso, durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945). Durante o regime militar de 1964, também foram transferidos presos políticos para o instituto, até o final da década de 1970, quando estes foram libertados e o presídio voltou a ter apenas presos comuns.

A ilha passou, então, por dificuldades econômicas, já que as poucas lavouras ainda existentes se tornaram de subsistência. Além disso, houve um grande declínio nas atividades da indústria pesqueira nos anos 1980.

Em 1994, o presídio, que era fonte de insegurança para a população local devido às fugas de presos, foi demolido pelo governo fluminense. Após sua implosão, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro obteve o direito de cessão da área e das benfeitorias que pertenciam ao presídio, inaugurando, no ano de 1998, o Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável.

Desde então, a economia da ilha tomou novo impulso e tem se baseado no turismo, sendo um dos locais mais procurados do estado do Rio de Janeiro para a prática de surfe, mergulho, mountain-bike, montanhismo, camping e trilhas.