Projeto Trilhas e Mirante do Morro do Forte
Passageiros do navio Polar Star lêem placas informativas da Praia do Leão, Fernando de Noronha © Roberto M.F. Mourão, EcoBrasil, 2007
Aspectos da Interpretação das Trilhas
As trilhas deverão ser interpretadas sob 2 aspectos principais:
1. Aspectos Ambientais
- a serem interpretadas pelo consultor/a ambiental objeto de Termo de Referência e para a interpretação dos Aspectos Ambientais, o consultor(a) deverá se basear em:
- Mapeamento Aerofotogramétrico Digital (ortofotografia), realizado pela empresa Embraero, data do voo 1995, edição 2013;
- Levantamento Topográfico Georeferenciado, realizado pelo técnico agrimensor Tethis de Andrade, em setembro de 2014;
- Inventário de Flora e Fauna, realizado pela empresa Plantae Consultoria Ambiental, em outubro de 2014;
- Manual INEA de Sinalização
- Apresentação “Trilhas e Mirantes do Forte Defensor Perpétuo”, de Roberto M.F. Mourão, no Festival de Aves de Paraty, em setembro de 2014;
- Informações coletadas in loco com a equipe gestora do Forte Defensor Perpétuo;
- Outras informações de fontes a serem pesquisadas, identificadas e analisadas pelo consultor/a.
2. Aspectos Arqueológicos
- a serem interpretadas por especialista(s) indicado(s) pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).
Sambaquis
Para melhor entendimento do contexto geral do uso das trilhas, incluímos a seguir informações sucintas sobre os Sambaquis, atrativos principais dos aspectos arqueológicos.
Sambaqui (também denominados, entre outros nomes: cernambi, sarnambi, cernambi, casqueiro, concheira(o), ostreira, berbigueira(o), caieira, caleira, cascal) são depósitos construídos pelo homem constituídos por materiais orgânicos e calcários que, empilhados ao longo do tempo, vêm sofrendo a ação das intempéries.
Os Sambaquis sofreram uma fossilização química, já que a chuva deforma as estruturas dos moluscos e dos ossos enterrados, difundindo o cálcio em toda a estrutura e petrificando os detritos e ossadas porventura ali existentes.
Alguns grupos indígenas os utilizavam como santuário, enterrando neles seus mortos. Outros os escolhiam como locais especiais para construir suas malocas.
Os Sambaquis são importantes fontes de estudos. Pesquisando seu conteúdo, pode-se saber sobre a vida dos primeiros povoados do atual território brasileiro, como sua alimentação, seus conhecimentos técnicos, a fauna e a flora da época etc.
Os grupos que construíam os Sambaquis alimentavam-se de moluscos, frutos silvestres e caça de pequenos animais. Análises químicas revelam que sua dieta era farta também em peixes, que, embora representassem uma cultura tipicamente de pescadores-coletores, também levavam uma vida de hábitos sedentários.
Cada comunidade construía os seus sambaquis para atender finalidades específicas, como:
- demarcação de território,
- mirante,
- ritual funerário,
- etc.
No Brasil, os sambaquis são distribuídos por toda a costa, tendo chamado a atenção do europeu logo no início da colonização europeia do país, no século 16.
A diferença de hábitos culturais e alimentares levou à conclusão de que eram obra de uma sociedade distinta daquela dos Tupi-guarani, que então povoavam toda a região costeira do país. Estudos recentes sugerem que os sambaquis tenham sido produzidos por povos que viveram na costa brasileira entre 8 mil e 2 mil anos antes do presente.
Os sambaquis predominam em regiões costeiras de recorte acentuado, como baías, enseadas, restingas, ilhas próximas à costa ou estuários. Como eram fonte fácil e abundante de calcário para a construção, muitas destas áreas serviram de base para as povoações iniciadas pelos europeus, colaborando com a destruição de muitos desses sítios arqueológicos.
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